segunda-feira, 23 de setembro de 2013

MST

Educação: Uma bandeira histórica do MST
Desde a 1984, além das ocupações de terra e marchas para pressionar pela reforma agrária no país, o MST luta pelo acesso à educação pública, gratuita e de qualidade em todos os níveis para a população do campo. Em toda a sua história, foram conquistadas aproximadamente 2 mil escolas públicas nos acampamentos e assentamentos em todo país, abrindo as portas do conhecimento para 160 mil crianças e adolescentes Sem Terra.
Também foram formados mais de 4 mil professores.Nos últimos anos, foi desencadeado um trabalho de alfabetização de jovens e adultos, que envolve a cada ano 2 mil educadores e mais de 28 mil educandos. Mais de 50 mil pessoas já aprenderam a ler e escrever no MST, que defende que a escola esteja onde o povo está e, conseqüentemente, os camponeses têm o direito e o dever de participar da construção do seu projeto de escola.
"O movimento chegou a conclusão que para implementar um processo de reforma agrária com mais qualidade, onde as famílias possam melhorar a qualidade de vida é preciso elevar a escolarização dos trabalhadores", acredita a integrante do setor de educação, Izabel Grein.
Contra analfabetismo
O MST promove também projetos de alfabetização de jovens e adultos nas áreas de acampamentos e assentamentos em parceria com entidades da reforma agrária, organizações não-governamentais e órgãos estaduais e federais para combater o analfabetismo e garantir que o domínio da leitura e da escrita seja possível para toda a população do campo.
Os principais objetivos dos projetos de alfabetização é transformar os acampamentos e assentamentos em territórios livres do analfabetismo e, para isso, a EJA (Educação de Jovens e Adultos) trabalha com os Sem Terra conteúdos relacionados à realidade rural.
Maria Cristina Vargas, integrante do setor de educação do MST, analisa que a EJA desempenha um papel fundamental porque, além de possibilitar a alfabetização dos lavradores, criou a cultura do estudo no campo. “A EJA começou com o lema ‘sempre é tempo de aprender’, mas o projeto desempenhou um trabalho de educação tão intenso dentro que hoje o lema é ‘todas e todos os sem terra estudando’”.
A alfabetização de jovens, adultos e idosos fomentou a percepção de que todos podem ir além da educação básica e descobrir que são capazes de aprender e ensinar, explica uma das coordenadoras do projeto no Paraná, Vanessa Reichenbach.
Isso se constitui como o primeiro passo do processo educativo, que não acontece apenas na escola, mas em todos os espaços do MST. O desafio é fazer com que o ensino contribua para que os lavradores se apropriem do conhecimento para conseguir aproveitar toda a sua potencialidade e ver o mundo de uma outra forma.
Durante os três anos do projeto Brasil Alfabetizado, realizado em parceria entre entidades da reforma agrária e Ministério da Educação, foram alfabetizando 5500 educandos, além de capacitar 1.820 educadores em acampamentos e assentamentos do MST. O projeto começou em 2003 e atualmente funciona em 23 estados.
Antes disso, a EJA já funcionava em alguns estados com apoio de universidades e secretarias de educação. Até 2002, foram alfabetizados mais de 16 mil trabalhadores do campo em aproximadamente 10 mil turmas.
Os educadores da EJA fazem parte do MST, moram nos assentamentos e acampamentos. A convivência entre educadores e educandos ajuda no aprendizado, uma vez que ambas as partes têm as mesmas referências, desafios e objetivos. Ao longo do trabalho de alfabetização, os trabalhadores rurais perceberam que o grande problema é a ausência de políticas públicas que criem condições para a continuidade dos estudos.
De acordo com Maria Cristina Vargas, o Brasil sempre teve uma política compensatória no campo da educação. “É preciso criar um projeto específico para o campo, que atenda a continuidade da escolarização”, explica.
História
A EJA teve início com a Campanha de Educação de Jovens, Adultos e Idosos, realizada em 1991, no assentamento Conquista da Fronteira em Bagé, no Rio Grande do Sul, com a presença de Paulo Freire (1921-1997),um dos principais pensadores da educação no país e no mundo.
Após um período com experiências fragmentadas, foi firmada uma parceria com a Universidade Federal de Sergipe (UFS), que possibilitou o trabalho de alfabetização nas áreas de assentamentos e acampamentos do estado.
Um convênio entre Ministério da Educação e a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), em 1996, levou o projeto para 18 estados. Foram formadas 550 turmas e 8000 educandos. Depois o projeto continuou por meio de parcerias entre secretarias de educação e universidades nos estados.
Em 1997, aconteceu o 1ª Encontro Nacional de Educadores e Educadoras da Reforma Agrária, que reuniu educadores, especialistas e trabalhadores sem-terra para formular um plano de alfabetização no campo. Após o encontro, foi firmado um convênio com universidades, governo federal para a criação do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária, que promoveu projetos de alfabetização nos assentamentos e acampamentos.
DADOS SOBRE A EDUCAÇÃO NO MST
- Temos nos assentamentos e acampamentos - em torno de 2 mil escolas públicas (estimativa feita a partir dos dados da PNERA, 2004)
- Destas 2.000 escolas, apenas 250 vão até o Ensino Fundamental completo e são 50 até o Ensino Médio. As demais, são até a 4a série.
- Atuam nessas escolas 10.000 professoras(es)
- Estudantes no MST beiram 300.000 pessoas, incluindo da Educação Infantil até a universidade, passando pela EJA, cursos profissionalizantes. OBS.: muitos estudam fora dos assentamentos, em escolas da cidade, especialmente de 5a a 8a série e mais ainda no Ensino Médio. Não temos dados concretos sobre isso.
- Temos parcerias com pelo menos 50 Instituições de Ensino, entre Universidades, Escolas Agrotécnicas. Somando aproximadamente 100 turmas de cursos formais, num total de mais ou menos 4.000 estudantes jovens e adultos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário